Viver com fibromialgia, praticando exercício

A fibromialgia é uma forma de doença reumática que afeta tecidos moles músculo-esqueléticos (caso de tendões, ligamentos e músculos). E muito frequente sobretudo em mulheres entre os 20 e os 50 anos de idade. É uma situação crónica que pode evoluir por surtos de agravamento e períodos de acalmia. Não atinge as articulações, embora possa parecer que existem dores articulares porque os tecidos moles estão sobre as articulações.

Não se conhece a causa exata da fibromialgia, embora estejam identificadas várias alterações que se lhe associam: as relacionadas com o sono, a tensão nervosa e a depressão, a fadiga sentida como falta de energia ou cansaço.

A terapêutica de fibromialgia inclui medidas para melhorar o sono, recuperar a forma física, diminuir a dor e a fadiga e controlar as alterações psicológicas associadas. Recorde-se que não existe um tratamento-tipo que “sirva” para todos os doentes fibromiálgicos. O exercício físico é a componente não farmacológica vital para a qualidade de vida destes doentes.

“Fibromialgia em movimento, prática diária de exercícios” por Clarissa Biehl Printes e Rita Gomes da Costa (edição da Myos – Associação Nacional Contra a Fibromialgia e a Síndrome da Fadiga Crónica, email: sede@myos.pt e site: www.myos.com.pt) aposta na prática regular de exercício físico, trata-se de um roteiro onde se propõe cinco circuitos de exercícios, a saber: matinais, aeróbios em cadeira, de alongamento, respiratórios e de relaxamento, que podem e devem ser realizados, pelo menos alguns deles, diariamente. É explicado no prefácio que “na fibromialgia o exercício físico aeróbico é particularmente útil como arma terapêutica, uma vez que aumenta o limiar à dor nos pontos dolorosos, contribui para uma melhor qualidade de sono, reduz a fadiga e melhora o humor, com repercussões positivas sobre a capacidade funcional e a existência global”.

a introdução, os autores adiantam os seguintes esclarecimentos:

“Para que o exercício físico seja eficaz como forma de tratamento, é importante que se pratiquem diferentes tipos de exercício ao longo do dia. O livro está organizado em diversos capítulos com diferentes objetivos e técnicas: exercícios de respiração, exercícios matinais, exercícios em cadeira, exercícios de alongamentos e exercícios de relaxamento.

Os exercícios respiratórios podem ser realizados logo ao acordar, antes dos exercícios de relaxamento, e têm como objetivo melhorar a condição funcional respiratória. Os exercícios matinais são para ser realizados na cama quando a pessoa acorda, com esta em posição de decúbito dorsal – deitada de barriga para cima – e têm como propósito diminuir a rigidez matinal para que seja mais fácil levantar e realizar as tarefas diárias.

Os exercícios realizados numa cadeira são feitos com a pessoa sentada e servem como aquecimento antes dos exercícios de alongamento; têm como objetivo melhorar a mobilidade articular e coordenação motora. Os exercícios de alongamentos estão organizados em três graus de dificuldade para que a pessoa possa melhorar a sua condição física de uma forma progressiva. Os exercícios de relaxamento podem ser praticados a qualquer hora do dia, embora sejam aconselhados à noite, para que seja mais fácil adormecer e ter uma melhor qualidade de sono”.

O livro está profusamente ilustrado nos diferentes capítulos que foram enunciados na introdução. Algumas doentes dão conta da vantagem desta prática diária de exercícios e como a sua vida se alterou positivamente. Diz uma: “Com muito custo iniciei um programa de exercício na sede da Myos, para melhorar a postura e bem-estar. No início, deslocava-me coxeando e caminhado devagar. Verifiquei depois de cada sessão o aparecimento de um recomeço de energia. Nem sempre foi fácil apresentar-me às sessões. Um belo dia dei por mim a atravessar uma rua correndo. Há anos que tal não acontecia. Foi então que realizei o benefício do exercício da fibromialgia”. Depõe outra doente: “A fibromialgia foi diagnosticada há mais de um ano. A melhor forma de vivermos o nosso dia-a-dia é cuidarmos do nosso corpo, da nossa mente e do nosso coração. O exercício foi e é o melhor que posso fazer para atenuar as dores e todo o resto. É um medicamento natural a médio prazo, uma forma de reavivar o meu corpo de certos movimentos. Não devemos deixar que a doença tome conta da nossa vida, é bem mais fácil sermos nós a dar rumo à nossa vida e uma forma de o fazer é praticar exercício físico”.

Como fica referido, os leitores encontrarão neste manual ilustrações ajustadas aos exercícios de respiração, exercícios matinais, exercícios em cadeira, exercícios de alongamentos e exercícios de relaxamento. Agora, mãos à obra para quem vive com fibromialgia, têm aqui um livro inteiramente à sua disposição.

 

Mário Beja Santos

Abril de 2013