Respirar é viver: o elementar sobre as doenças respiratórias
O livro chama-se “Um Outro Lado das Doenças Respiratórias”, o autor é um conceituado pneumologista e tisiologista, muito ligado à Fundação Portuguesa do Pulmão, Jaime Pina (Lidel, 2012). É de leitura obrigatória para quem anda envolvido a promover a saúde e a lutar contra as doenças respiratórias. Afinal, muitos de nós, dada a extensão deste sofrimento.
Jaime Pina, numa linguagem extremamente acessível, começa por caracterizar as doenças respiratórias e eventos a elas associados, caso do Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), o Dia Mundial da Asma e o Dia Mundial da Espirometria. A importância destas doenças é irrefutável: basta pensar na tuberculose, nas pneumonias, na DPOC e na asma brônquica. E há situações que não se podem minimizar ou pactuar, situações relacionados com estas doenças, caso do tabagismo e do cancro do pulmão. Prevenir passa pelos estilos de vida mais saudáveis, pelo controlo da asma, procurar fazer exames como a espirometria.
As alergias pesam nas doenças respiratórias, têm a ver também com a poluição atmosférica e as alterações climáticas em curso. O autor detém-se pormenorizadamente sobre a prevenção, tratamento de manutenção e tratamento atempado das crises – são procedimentos que devem estar automatizados nos doentes alérgicos. Assim, estes devem estar muito atentos ao ambiente que os rodeia, devem saber reagir: afastar os ácaros do pó da casa, afastá-los da cama, do quarto e do vestuário; estarem atentos aos pólenes da Primavera e durante a época polínica atuar cumprindo vários preceitos como seja permanecer no interior de uma habitação durante as horas que o vento soprar com maior intensidade; quem sofre doenças respiratórias tem que ter atenção à poluição no interior das habitações, se possível ter um sistema de ar condicionado que permitirá um ambiente interior com a temperatura e a humidade adequadas, deve viver num ambiente sem fumo de tabaco e nunca esquecer que respirar um ar carregado de produtos químicos é prejudicial para a saúde respiratória, por exemplo.
Mas é preciso ser exigente e valorizar as doenças das vias aéreas superiores, elas têm uma importância vital para um normal funcionamento do aparelho respiratório. Basta pensar em doenças como a rinite, os pólipos nasais ou a sinusite. No nosso país, mais de um milhão de pessoas sofre de rinite, na sua grande maioria de origem alérgica. Hoje em dia, o controlo de uma rinite é fácil, desde que a causa seja identificada. A prevenção assenta num conjunto de medidas específicas que visam o menor contato possível com os agentes causadores da alergia, geralmente o pó da casa, os pólenes e os epitélios de animais. Da terapêutica medicamentosa sobressaem os corticoides tópicos, fármacos que vieram mudar a história natural da rinite alérgica. E o autor, um excelente comunicador faz ao leitor 10 perguntas frequentes sobre rinite alérgica, como mais adiante faz perguntas mais frequentes sobre sinusites, a DPOC e que importância tem esta em Portugal.
Carateriza a asma brônquica, recorda que existem cerca de um milhão de doentes asmáticos em Portugal e que a asma é um doença subtratada, com a agravante de estar em crescimento. Repertoriando as medidas preventivas, recorda os ácaros do pó da casa, os fungos e as baratas. De igual modo alerta o leitor para o que há que saber para evitar os factores desencandeantes da asma brônquica e são vários, desde os ácaros domésticos, passando pelos fungos e animais domésticos, pólenes, certos medicamentos, constipações e infeções virais, entre outros. E alerta para a importância de uma nutrição favorável a combater a asma brônquica.
Estamos chegados às infeções do aparelho respiratório, aqui pontificam as pneumonias e é preciso saber que dispomos da vacina da gripe e a vacina antipneumocócica.
E a gripe? Não tem nada a ver com a constipação, é preciso saber tratá-la, e igualmente saber se se pode vacinar.
O autor lembra-nos como estamos de tuberculose em Portugal e alerta para a evolução muito perigosa da tuberculose multirresistente. Assim se chega à prevenção das infeções respiratórias, um campo fundamental da promoção para a saúde. É preciso saber o que fazer a nível comportamental e qual a resposta a nível terapêutico. Sempre com uma comunicação fluída e compreensível, o autor fala-nos detalhadamente da prevenção das infeções do aparelho respiratório.
Estamos perante um verdadeiro guia prático que ajuda a melhorar a cooperação do doente, favorecendo a literacia em saúde. Apresentado como uma ferramenta informativa destinada a ajudar a promover a saúde e a evitar as doenças respiratórias, é tão comunicativo e de leitura estimulante que nos leva, sem qualquer hesitação, a apontá-lo como obra de consulta obrigatória.
Mário Beja Santos
Abril de 2013