Que prioridades para um política europeia na multimorbildiade?

Um representante da Plataforma participou numa conferência europeia onde se abordaram matérias do maior interesse na equação entre o envelhecimento e as diferentes doenças, muitas delas de caráter crónico, que o acompanham.

 

O leitor terá acesso ao que de essencial nela aconteceu bem como as suas conclusões, consultando o documento em: http://ec.europa.eu/health/ageing/docs/ev_20151027_ccl_en.pdf
 

Restam algumas observações ao participante da Plataforma. A Comissão Europeia define a multimorbilidade como a ocorrência de duas ou mais condições crónicas numa pessoa, considerando que este fenómeno é mais norma que excepção nos cuidados primários e é prevalecente em cerca de 50 milhões. O participante da Plataforma interpelou o Director-Geral da Saúde da Comissão quanto à situação paradoxal de haver uma definição de multimorbilidade mas não existir uma definição de doença crónica, o alto funcionário concordou que é uma lacuna que urge preencher, até de modo a evitar a dispersão de definições, que se possam vir a saldar em medidas de política não inclusivas. Ao longo da manhã discutiu-se a necessidade de mudar o paradigma orientado para a doença para uma abordagem orientado para o doente, num enquadramento de medidas preventivas e decorativas. Conforme se pode ler nos diferentes esboços com que os funcionários foram esquematizado em folhas de parede, durante a evolução dos debates, constata-se a falta de integração dos serviços dentro dos sistemas de saúde, a falta de coordenação entre saúde e protecção social e graves problemas de comunicação entre os profissionais de cuidados de saúde e os doentes. Esses mesmos quadros apontam, em consonância com os debates, os impactos positivos que se podem operar na multimorbilidade, sem descurar os obstáculos e constrangimentos existentes e as formas de os superar.
No decurso da tarde foi posta ênfase na definição dos principais elementos para construir um quadro operativo em multimorbilidade incluindo quatro domínios capitais: investigação; organização dos cuidados de saúde; custo-efectividade e financiamento; e comprometimento dos doentes.

Os serviços da Direcção-Geral de Saúde irão apreciar a forma como decorram os trabalhos e as propostas sugeridas pelos debates entre todos os participantes.
O participante da Plataforma envolveu-se em vários grupos de trabalho e pôs acento tónico de que as instituições hospitalares e a própria lógica do sistema de saúde não equacionam a multimorbilidade; no caso de uma perspectiva mais próxima desta abordagem é necessário aproveitar experiências como aquela que decorre em Portugal no SIFARMA 2000, que permite duas coisas elementares: dar confiança ao doente quanto à indicação farmacêutica e permitir ao farmacêutico uma comunicação atempada com outros profissionais de saúde, quando se detectam anomalias nas prescrições; as decisões em saúde devem ser partilhadas e a multimorbilidade deverá fazer parte dos currículos de todos os profissionais de saúde embora seja claro que precisámos de mais evidências nas práticas da multimorbilidade, e daí se concordar com a proposta dos quatro domínios capitais acima referenciados.