Plataforma Saúde em Diálogo esteve presente na Conferência sobre “Literacia em Saúde em Portugal”

Realizou-se em 23 de Abril, num dos auditórios da Fundação Calouste Gulbenkian uma conferência internacional sobre literacia em saúde em Portugal. Uma das promotoras do evento, a professora de saúde pública Isabel Loureiro dizia à TSF, antes do início dos trabalhos que uma elevadíssima percentagem dos doentes continua sem perceber os médicos devido ao uso de uma linguagem complexa que impede a compreensão das informações em saúde. Para esta profissional, os médicos terão de simplificar as mensagens. Nestas declarações também teceu críticas ao governo, considere que existe um desinvestimento na educação para a saúde e propõe programas de literacia em saúde nas escolas, desde a infância, está comprovado que tais programas ajudam a prevenir várias doenças crónicas.

Como se previa, o aguardado inquérito sobre literacia em saúde, desenvolvido e aplicado por uma equipa do CIES-IUL com o apoio do Projecto Inovar em Saúde da Fundação Calouste Gulbenkian, foi um dos pratos fortes da conferência. Foram identificadas as cinco maiores dificuldades dos inquiridos: primeiro, a capacidade de acesso a informação em certos domínios (promoção de saúde no local de trabalho; doença mental; actividades benéficas para o bem-estar mental; tratamentos de doenças geradoras de preocupação; como tornar mais saudável a zona onde reside; as políticas que se articulam com a saúde); segundo, a dificuldade em participar em acções que visem melhorar a comunidade; terceiro, frequentar um ginásio; quarto, a capacidade de interpretar e avaliar informações sobre doenças, riscos de saúde e formas de protecção de doenças divulgadas pelos meios de comunicação, bem como vantagens e desvantagens perante várias opções de tratamento, vacinas ou o recurso a uma segunda opinião médica; quinto, a dificuldade em interpretar os folhetos informativos dos medicamentos.

Os responsáveis pelo inquérito construírem índices de literacia, procuraram caracterizar os inquiridos pela idade e escolaridade

Os diferentes oradores pronunciaram-se sobre os trabalhos do observatório europeu de literacia em saúde e como tais actividades são encaradas na agenda de saúde europeia; é dado como provado que a literacia é uma ferramenta incontornável para reduzir as desigualdades em saúde. Outros especialistas pronunciaram-se sobre literacia na infância e na adolescência e como tal instrumento se revela da maior importância para a promoção da saúde mental em crianças em risco. Uma investigadora abordou as políticas e acções para melhorar a literacia em saúde na Europa, não deixando de observar que há países onde esta literacia está dar os primeiros passos, contudo, um conjunto de países tem já programas nacionais de literacia em saúde.

Nas conclusões, foi proposto intensificar as iniciativas, intercambiar as experiências, melhorar o diálogo entre as autoridades nacionais, a indústria de medicamentos e todos os demais fabricantes de equipamentos em saúde, profissionais e doentes, de modo que a literacia se venha a inserir naturalmente no território na promoção da saúde.