
Plataforma preocupada com aplicação do Plano de Vacinação contra a Covid-19
Plataforma preocupada com aplicação do Plano de Vacinação contra a Covid-19
A Plataforma escreveu ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para apresentar algumas preocupações quanto ao Plano de Vacinação contra a Covid-19, que tem como objectivos reduzir a mortalidade e os internamentos por Covid-19; controlar os surtos principalmente nas populações mais vulneráveis; minimizar o impacto da pandemia no sistema de saúde e na sociedade e preservar a capacidade de resposta dos serviços essenciais.
Revendo-se nos objectivos, a Plataforma questiona, desde logo, «como é que os objectivos poderão ser alcançados face às prioridades estabelecidas». Na carta enviada a 9 de Dezembro, a Presidente da Direcção, Rosário Zincke, lembra que «a expectativa é muito grande e importa transmitir confiança sobre a equidade no acesso. É imprescindível não deixar para trás os grupos especialmente vulneráveis da população cuja voz dificilmente se faz ouvir».
Um dos motivos de preocupação é a exclusão do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, enquanto ministério que tutela os equipamentos sociais, na constituição da task force para a elaboração do plano de vacinação contra a COVID-19 em Portugal. Outro é o «insuficiente» número de vacinas disponíveis na primeira fase, para abranger o público alvo.
A Plataforma mostra-se apreensiva com a não inclusão no plano de vacinação de determinados grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade. No caso dos grupos prioritários para a primeira fase de vacinação, o plano não contempla as pessoas doentes que vivem no seu domicílio, nem os cuidadores informais. O plano também não inclui os adultos com doenças raras, com ou sem insuficiências cardíaca, renal ou respiratória, nem as pessoas com capacidade diminuída (estimam-se em 205 mil as pessoas com demência em Portugal). A Plataforma Saúde em Diálogo defende que estas pessoas estão muito vulneráveis ao contágio, por terem dificuldade em entender a situação presente e consequentemente cumprir as regras de higiene e segurança. «Espanha, por exemplo, inclui as pessoas com capacidade diminuída entre os prioritários», lembra a Presidente da Direcção, Rosário Zincke.
Na carta enviada ao Presidente da República, a Plataforma defende que a administração das vacinas contra a Covid-19 não deve estar limitada aos centros de saúde, onde a concentração de pessoas vulneráveis potencia o risco de contágio. A Plataforma defende que não deve ser descurada «a possibilidade de as vacinas poderem ser ministradas pelas farmácias, aproveitando a disponibilidade já manifestada pela Senhora Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos». Aconselha também a que sejam encontrados outros espaços, por exemplo pertencentes a autarquias ou outros organismos públicos, com melhores acessibilidade, condições de acolhimento e arejamento do que as que se encontram nos centros de saúde.