O que distingue um desodorizante de um antitranspirante

Utilizamos na luta contra os odores corporais, sob a apresentação de spray, stick, roll-on e emulsões dois tipos de cosméticos: os desodorizantes, que permitem evitar a formação de maus odores, têm na sua composição antisséticos que reduzem de proliferação de microrganismos cutâneos; e os antitranspirantes que interrompem a libertação do suor ao nível cutâneo, têm na sua composição sais de alumínio, moléculas irritantes suscetíveis de criar inflamação ao nível da zona de aplicação. Temos pois dois mecanismos de ação bem distintos: no caso dos antitranspirantes atua-se na origem da produção de odores e no caso dos desodorizantes evita-se a formação desses odores sem obstar a transpiração. Reconheça-se que há uma certa ambiguidade entre estas duas noções, visto que há no mercado desodorizantes contendo sais de alumínio, para já não falar na baralhação provocada pela publicidade quando fala em eficácia dos seus produtos em 24, 48 e mais horas.

As pessoas com sensibilidade cutânea (caso da pele atópica) deviam aconselhar-se junto do seu médico ou do seu farmacêutico, visto que pode haver incompatibilidades com produtos da composição destes desodorizantes e sobretudo dos antitranspirantes: conservantes (potencialmente alergénios), antioxidantes, sais, gases propulsores, substâncias absorventes, etc.

E devemos saber que os antitranspirantes não são inofensivos, a comunidade científica mantém profundo ceticismo quanto ao uso dos sais de alumínio. Vejo escrito numa publicação do Instituto Nacional do Consumo de França que a utilização diária de antitranspirantes durante uns 40 ou 50 anos levanta enormes inquietações. Pode mesmo associar-se esta utilização a um risco acrescido do cancro da mama, das doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Alguns estudos avançam tais hipóteses. Há investigadores que consideram o alumínio como um perturbador endócrino. Recorde-se que a transpiração é a principal forma de eliminar o alumínio (se se reduz o volume do suor produzido perturba-se também o processo natural da eliminação de toxinas do organismo, o que também tem consequências para a saúde.

Na ausência de uma confirmação categórica por parte das autoridades médicas e científicas pode-se no entanto considerar que o modo de ação antitranspirante não é o cosmético ideal.

Tenha-se presente que nós produzimos dois tipos de suor: o suor produzido pelas glândulas écrinas, composto de água, sais minerais e de amoníaco, que tem por finalidade manter a temperatura corporal a uma temperatura constante de 37 graus; e o suor produzido pelas glândulas apócrinas, que aparece nas zonas pilosas, a sua composição é diferente do suor produzido pelas glândulas écrinas; são as situações de stress, sobretudo, que desencadeiam a sua secreção de forma imprevista.

Mário Beja Santos

Agosto 2016