O cigarro eletrónico procura quase as mesmas sensações que o cigarro convencional. A sua eficácia e a sua inocuidade não estão comprovadas e podemos muito bem questionar se pode ser encarado como uma alternativa mais saudável ou como uma ajuda para a desabituação tabágica.
Na atualidade já existem mais de 400 marcas diferentes de cigarros eletrónicos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em número recente da revista Farmácia Saúde (de obtenção gratuita nas farmácias), o pneumologista Jaime Pina apresenta-o como um “equipamento que liberta um aerossol formado a partir do aquecimento de uma solução contendo água, glicerina, propilenoglicol, várias substâncias aromatizantes, nicotina (atenção! já há cigarros eletrónicos sem nicotina), para além de outros componentes não totalmente identificados.
A grande diferença com o cigarro convencional vem do facto que o cigarro eletrónico não cria combustão mas vapor, é uma distinção primordial já que a combustão do tabaco produz substâncias tóxicas, muitas delas cancerígenas; o cigarro eletrónico não contém nem tabaco nem papel nem os aproximadamente 2500 compostos químicos necessários à produção do cigarro convencional. Mas há nicotina no cigarro eletrónico.
Quem defende o cigarro eletrónico argumenta que este é menos nocivo que o cigarro convencional; os seus críticos lembram que a inocuidade da inalação das substâncias contidas no vapor dos cigarros eletrónicos não está demonstrada. E vão mais longe, sugerindo mesmo que os efeitos destas inalações repetidas num longo prazo poderão ser potencialmente perigosas para a saúde. É este o registo da OMS.
Na atualidade, nenhum estudo científico de qualidade conseguiu demonstrar a eficácia real do cigarro eletrónico para a desabituação tabágica nem a inocuidade das substâncias que o compõem nem mesmo o seu impacto a longo prazo. São desconhecidas as proveniências dos líquidos que compõem o cigarro eletrónico. Organizações ligadas ao combate ao cancro sublinham mesmo que o consumo destes cigarros não diminui de modo algum as doenças cardiovasculares nem reduz os riscos do cancro. Como sublinha Jaime Pina, “sabemos que, fruto do atual vazio legal (a nova diretiva do Parlamento Europeu sobre os produtos de tabaco só terá aplicabilidade num futuro próximo), os cigarros eletrónicos não estão adequadamente controlados nem certificados. Por tudo isto, manda o bom senso que estes cigarros não sejam aconselhados. Até porque há alternativas melhores. Quer deixar de fumar? Então peça ao seu médico que o oriente para uma das inúmeras consultas de cessação tabágica. A probabilidade de êxito é significativa. Ame a sua vida. Proteja a sua saúde: não fume: nem cigarros clássicos nem eletrónicos”.
Mário Beja Santos
Fevereiro de 2015