Cidadãos querem saúde mais humana

 

Cidadão tem de ser prioridade das políticas de saúde, pediu a presidente da Plataforma Saúde em Diálogo na Convenção Nacional da Saúde.

As doenças crónicas representam 86 por cento das mortes na União Europeia e 80 por cento dos custos dos sistemas de saúde», afirmou a presidente da Plataforma Saúde em Diálogo. Maria do Rosário Zincke dos Reis falava na segunda edição da Convenção Nacional da Saúde, no dia 18 de Junho, em Lisboa.

«Quanto às doenças raras», sublinhou, «poderão atingir em Portugal seis por cento da população. O impacto psicológico, social e económico de umas e de outras na vida de cada um na sociedade, na economia, não poderá ser ignorado. Deverá mesmo ser agarrado como um desafio a abraçar desde já e nos próximos anos».

Por isso, salientou a presidente da Plataforma, «os doentes só podem mesmo estar no topo das prioridades das políticas de saúde. É imprescindível que doentes e organizações que os representram sejam reconhecidos como parceiros nas políticas de saúde a criar. Apartidárias, baseadas em estratégias de longo prazo. Com consensos conseguidos através dos vários actores envolvidos».

Uma gestão mais humanizada do doente, a promoção do valor da saúde em todas as políticas e a participação dos cidadãos na definição das políticas de saúde estão entre os 14 pontos referidos na Agenda da Saúde para o Cidadão, entregue pelas associações de defesa dos direitos dos cidadãos com doença crónica.

As enormes listas de espera no Serviço Nacional de Saúde e a frequente falta de medicamentos nas farmácias estão entre as principais dificuldades sentidas pelos cidadãos portugueses, alertou a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, no discurso sobre as conclusões da Convenção Nacional da Saúde, dia 18 de Junho em Lisboa.

«Os portugueses não podem ter listas de espera de anos por uma primeira consulta da especialidade ou cirurgia, não podem ter as enormes falhas de medicamentos que têm atualmente na nossa rede de farmácias», disse a bastonária. Além disso, «não podem esperar eternidades por tratamentos inovadores que podem fazer a diferença, não podem continuar sem cuidados continuados e paliativos quando necessitam, que não só gera sofrimento e desesperança, mas sobrecarrega desnecessariamente as famílias e os cuidadores, exaustos e perdidos num sistema que não é amigo do cidadão

Texto de Sónia Balasteiro

Fotografias de Mário Pereira