A Saúde mais próxima

A Saúde mais próxima

“A Saúde mais próxima”

 

Em tempo de pandemia, naturalmente que o combate à Covid 19 se impõe como uma prioridade. Contudo, todas as outras doenças continuam a existir e têm que continuar a merecer a atenção de todos os intervenientes.

A Plataforma Saúde em Diálogo preocupa-se, muito em especial, com as Pessoas com doença crónica e seus cuidadores, familiares, amigos ou vizinhos. A gestão da doença crónica e a necessidade de respostas de proximidade são, desde há muito, prioridades nossas.

Acolhemos, assim, com muito entusiasmo, o Despacho nº 4 270/2020 da Senhora Ministra da Saúde e a Orientação Técnica nº 005/CD/550.20.001 de 07.04 do Infarmed que vêm formalizar a Operação Luz Verde.

Esta resposta articulada entre profissionais de saúde (farmacêuticos, médicos e administradores hospitalares), hospitais, distribuidores farmacêuticos e farmácias comunitárias, com o apoio da Ordem dos Farmacêuticos e Ordem dos Médicos, ao permitir, de forma segura e respeitando as regras de sigilo e confidencialidade, que os medicamentos habitualmente cedidos em contexto de ambulatório hospitalar, cheguem a casa dos doentes ou à sua farmácia, é uma resposta de proximidade que se impõe.

Em tempo de pandemia permite descongestionar os hospitais, evitar o contágio, com previsível impacto muito negativo, podendo até ser fatal, na população já fragilizada com morbilidades crónicas, e permite ainda assegurar a continuidade do tratamento que podia ser interrompida por dificuldade de deslocação até ao hospital ou receio de contágio.

Às vantagens muito específicas em tempo de pandemia acrescem as já experimentadas e com feedback muito positivo por parte dos doentes em projectos anteriores. Refira-se o projecto-piloto de dispensa de medicamentos anti-retrovíricos nas farmácias comunitárias, que arrancou em finais de 2016, em Lisboa, com o Hospital Curry Cabral permitindo que os doentes portadores de VIH/sida seguidos neste hospital pudessem escolher entre continuar a receber ali a medicação ou nas mais de 300 farmácias certificadas. Refira-se ainda projecto com a mesma finalidade desenvolvido no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ)

Algumas associações de doentes de doentes, como, por exemplo a SPEM – spem@spem.pt, estão a recolher os pedidos dos doentes e a encaminhá-los, via email, para a Linha de Apoio ao Farmacêutico (LAF) a fim de descongestionar a Linha 1 400.

Este é um exemplo de como as associações de doentes podem, como verdadeiras parceiras, conferir valor acrescentado a respostas seguras e bem articuladas entre os vários intervenientes, com evidentes ganhos em saúde.

Esperamos que, decorrido o momento excepcional que estamos a viver, os doentes possam continuar a contar com esta possibilidade!

Também nos congratulamos com a Portaria nº 90-A/2020, de 09.04, que cria um regime excecional e temporário relativo à prescrição eletrónica de medicamentos e respetiva receita médica, durante a vigência do estado de emergência em Portugal, motivado pela pandemia da COVID-19. Com efeito, a renovação das prescrições para patologias crónicas é outra medida que em muito pode ajudar as pessoas com doença crónica e que permite assegurar a continuidade do acesso aos medicamentos, ao mesmo tempo que reduz as deslocações desnecessárias às unidades de saúde.

Na verdade, o doente, já hoje, sem se deslocar, pode pedir e obter a prescrição de medicação crónica através do SNS 24, Registo de Saúde Eletrónico, Área do Cidadão. Contudo, é necessário que o utente esteja referenciado como doente crónico pelo seu médico de família. E, não menos importante, tem que saber utilizar as ferramentas digitais necessárias o que não acontece com todos os cidadãos do nosso país, como bem sabemos.

A Plataforma vê como uma mais-valia para o doente crónico a renovação da prescrição, não só agora em tempo de pandemia, mas também como uma opção futura.

[1] Estudo de satisfação que reuniu peritos do Centro de Estudos de Medicina Baseados na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa, do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa e do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde da Associação Nacional das Farmácias.